INDEFINIDAMENTE
no
guarda-roupas meus seres disfarçados,
todos
de minha filosofia infiéis,
mas
em meu mundo refugiados.
A
estante abarrotada de livros,
ali
cada mundo é um de onde saio,
mesmo
sem forma, em arcabouço,
mesmo
perdido, promiscuo,
mesmo
indefinido, sempre um esboço.
Em
outro canto um sapato,
em
qualquer canto está lá igualmente jogado
algo
de mim, um meu pedaço,
nem
parece, mas é meu coração,
costurado
com um cardaço,
tentando,
sofrendo, suspirando,
mas
ainda batendo desajeitado.
Na
cama desarrumada, quase fazia,
tem
algo que me ajuda com a solidão,
que
não pede nada, que me faz companhia,
me faz até sonhar,
relevar
a crença na magia.
Em
cada página carregada,
em
cada letra uma estrela guia,
em
cada palavra uma estrada
pela
qual minha vida caminha,
em
que ando absorto, sem mimo,
onde
é permitido o absurdo,
de
se viver perdido, sem Destino.