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sábado, 6 de agosto de 2016

INDEFINIDAMENTE

Na mesa uma infinidade de papeis,
no guarda-roupas meus seres disfarçados,
todos de minha filosofia infiéis,
mas em meu mundo refugiados.

A estante abarrotada de livros,
ali cada mundo é um de onde saio,
mesmo sem forma, em arcabouço,
mesmo perdido, promiscuo,
mesmo indefinido, sempre um esboço.

Em outro canto um sapato,
em qualquer canto está lá igualmente jogado
algo de mim, um meu pedaço,
nem parece, mas é meu coração,
costurado com um cardaço,
tentando, sofrendo, suspirando,
mas ainda batendo desajeitado.

Na cama desarrumada, quase fazia,
tem algo que me ajuda com a solidão,
que não pede nada, que me faz companhia,
me faz até sonhar,
relevar a crença na magia.

Em cada página carregada,
em cada letra uma estrela guia,
em cada palavra uma estrada
pela qual minha vida caminha,
em que ando absorto, sem mimo,
onde é permitido o absurdo,
de se viver perdido, sem Destino.